Professor Elmo de Melo.
Periodo de 17/02 a 24/02
Enviar para ep.melo@yahoo.com.br
2° anos A e B.
Atividade 1 da Apostila Aprender
Sempre - fragmento do texto " O NOVIÇO"
Ler o texto "O Noviço" e responder as questões 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7.
Questão 8 - Fazer uma pequena pesquisa sobre Martins Pena e enviar junto
com as questões.
prazo para entrega: até 24/02/21.
TEXTO 1: O NOVIÇO Martins Pena
CENA I AMBRÓSIO, só, de calça preta e chambre — No mundo a
fortuna é para quem sabe adquiri-la. Pintam-na cega... Que simplicidade! Cego é
aquele que não tem inteligência para vê-la e a alcançar. Todo o homem pode ser
rico, se atinar com o verdadeiro caminho da fortuna. Vontade forte,
perseverança e pertinácia são poderosos auxiliares. Qual o homem que, resolvido
a empregar todos os meios, não consegue enriquecer-se? Em mim se vê o exemplo.
Há oito anos, era eu pobre e miserável, e hoje sou rico, e mais ainda serei. O
como não importa; no bom resultado está o mérito... Mas um dia pode tudo mudar.
Oh, que temo eu? Se em algum tempo tiver de responder pelos meus atos, o ouro
justificar-me-á e serei limpo de culpa. As leis criminais fizeram-se para os
pobres...
CENA II Entra Florência, vestida de preto, como quem vai à
festa.
FLORÊNCIA, entrando —
Ainda despido, Sr. Ambrósio?
AMBRÓSIO — É cedo.
(Vendo o relógio:) São nove horas, e o ofício de Ramos principia às dez e meia.
FLORÊNCIA — É preciso
ir mais cedo para tomarmos lugar.
AMBRÓSIO — Para tudo há tempo. Ora dize-me, minha bela
Florência... FLORÊNCIA — O que, meu Ambrosinho?
AMBRÓSIO — O que pensa tua filha do nosso projeto?
FLORÊNCIA — O que
pensa não sei eu, nem disso se me dá; quero eu — e basta. E é seu dever
obedecer.
AMBRÓSIO — Assim é; estimo que tenhas caráter enérgico.
FLORÊNCIA — Energia
tenho eu.
AMBRÓSIO — E atrativos, feiticeira...
FLORÊNCIA — Ai,
amorzinho! (À parte:) Que marido!
AMBRÓSIO — Escuta-me,
Florência, e dá-me atenção. Crê que ponho todo o meu pensamento em fazer-te
feliz...
FLORÊNCIA — Toda eu sou atenção.
AMBRÓSIO — Dois
filhos te ficaram do teu primeiro matrimônio. Teu marido foi um digno homem e
de muito juízo; deixou-te herdeira de avultado cabedal. Grande mérito é esse...
FLORÊNCIA — Pobre homem!
AMBRÓSIO — Quando eu
te vi pela primeira vez, não sabia que eras viúva rica. (À parte:) Se o sabia!
(Alto:) Amei-te por simpatia.
FLORÊNCIA — Sei disso,
vidinha.
AMBRÓSIO — E não foi
o interesse que obrigou-me a casar contigo.
FLORÊNCIA — Foi o amor que nos uniu.
AMBRÓSIO — Foi, foi,
mas agora que me acho casado contigo, é de meu dever zelar essa fortuna que
sempre desprezei.
FLORÊNCIA - (À parte) — Que marido!
AMBRÓSIO - (À parte) — Que tola! (Alto:) Até o presente tens
gozado dessa fortuna em plena liberdade e a teu bel-prazer; mas daqui em
diante, talvez assim não seja.
FLORÊNCIA — E por
quê?
AMBRÓSIO — Tua filha está moça e em estado de casar-se. Casar-se-á,
e terás um genro que exigirá a legítima de sua mulher, e desse dia principiarão
as amofinações para ti, e intermináveis demandas. Bem sabes que ainda não
fizestes inventário.
FLORÊNCIA — Não tenho
tido tempo, e custa-me tanto aturar procuradores! AMBRÓSIO — Teu filho também
vai a crescer todos os dias e será preciso por fim dar-lhe a sua legítima...
Novas demandas.
FLORÊNCIA — Não, não quero demandas.
AMBRÓSIO — É o que eu
também digo; mas como preveni-las?
FLORÊNCIA — Faze o
que entenderes, meu amorzinho.
AMBRÓSIO — Eu já te disse há mais de três meses o que era
preciso fazermos para atalhar esse mal. Amas a tua filha, o que é muito
natural, mas amas ainda mais a ti mesma... FLORÊNCIA — O que também é muito
natural...
AMBRÓSIO — Que
dúvida! E eu julgo que podes conciliar esses dois pontos, fazendo Emília professar
em um convento. Sim, que seja freira. Não terás nesse caso de dar legítima
alguma, apenas um insignificante dote — e farás ação meritória.
FLORÊNCIA —
Coitadinha! Sempre tenho pena dela; o convento é tão triste!
AMBRÓSIO — É essa
compaixão mal-entendida! O que é este mundo? Um pélago de enganos e traições,
um escolho em que naufragam a felicidade e as doces ilusões da vida. E o que é
o convento? Porto de salvação e ventura, asilo da virtude, único abrigo da
inocência e verdadeira felicidade... E deve uma mãe carinhosa hesitar na
escolha entre o mundo e o convento?
FLORÊNCIA — Não, por certo...
AMBRÓSIO — A mocidade é inexperiente, não sabe o que lhe
convém. Tua filha lamentar-se-á, chorará desesperada, não importa; obriga-a e
dai tempo ao tempo. Depois que estiver no convento e acalmar-se esse primeiro
fogo, abençoará o teu nome e, junto ao altar, no êxtase de sua tranquilidade e
verdadeira felicidade, rogará a Deus por ti.
(À parte:) E a legítima ficará em casa...
FLORÊNCIA — Tens
razão, meu Ambrosinho, ela será freira.
AMBRÓSIO — A respeito
de teu filho direi o mesmo. Tem ele nove anos e será prudente criarmo-lo desde
já para frade.
FLORÊNCIA — Já ontem comprei-lhe o hábito com que andará
vestido daqui em diante.
AMBRÓSIO — Assim não estranhará quando chegar à idade de
entrar no convento; será frade feliz. (À parte:) E a legítima também ficará em
casa...
FLORÊNCIA — Que sacrifícios não farei eu para ventura de
meus filhos! [...]
Sobre o autor
Martins Pena foi um teatrólogo do Romantismo brasileiro, que
satirizou a sociedade da época, seus costumes e suas relações sociais, através
do gênero comédia de costumes, do qual foi pioneiro e principal representante.
O gênero aborda, de maneira cômica e sarcástica, o comportamento humano e seus
tipos característicos, demonstrando com frequência as atitudes inadequadas
quanto às normas de conduta da sociedade, amores ilícitos e atitudes amorais. A
linguagem é, geralmente, simples, aproximando-se do cotidiano, com diálogos
dinâmicos, cheios de ironia e humor.
QUESTÕES
1. O texto foi publicado no século XIX, no qual havia o uso
de palavras que não são mais comuns na sociedade contemporânea. Quais marcas
textuais nos remetem aos termos e/ou à linguagem característica daquela época?
2. O texto dramático
difere dos demais textos em prosa, pois possui características próprias.
Identifique no trecho estudado, os elementos que o definem como texto
dramático.
3. Considerando a organização do texto teatral, releia a
cena I e comente sua finalidade e importância para o entendimento da seguinte.
4. Na cena I, há indícios que antecipam o caráter de Ambrósio,
quanto à ganância pelo dinheiro. Em qual frase é evidenciado seu caráter,
considerando os valores éticos e morais da sociedade? (A) Cego é aquele que não
tem inteligência para vê-la e a alcançar. (B) Todo o homem pode ser rico, se
atinar com o verdadeiro caminho da fortuna. (C) Há oito anos, era eu pobre e
miserável, e hoje sou rico, e mais ainda serei. (D) O como não importa; no bom
resultado está o mérito... (E) Mas um dia pode tudo mudar. Oh, que temo eu?
5. Na cena I, destaca-se a ideia de impunidade que se mantém
até os dias atuais, quando o cidadão não corresponde aos valores sociais e
éticos esperados. a) Localize frases que
demonstram essa ideia. b) Estabeleça relação
entre as ideias expressas nas frases que você localizou com situações recorrentes,
nos dias de hoje, em que o homem despreza leis e valores em benefício próprio.
Registre sua resposta para apresentação aos colegas e discussões colaborativas.
6. Nas cenas I e II da obra O Noviço, percebe-se a ausência
de valores sociais, éticos e morais. Identifique quais são esses valores e, a
partir deles, que críticas são demonstradas.
7. Identifique no texto da cena II, passagens que evidenciem
o processo de convencimento e manipulação exercido sobre a personagem
Florência.
Cadê? Atividade da pàgina 1 não tem essas questoes todas,sò vai atè a 3 questão.
ResponderExcluirVocê agora tem as questões. Ok?
ResponderExcluirOk!
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